Os músculos do membro superior são inervados pela cervical, por isso este termo (cervicobraquialgia).
Uma raiz nervosa, onde há uma inflamação, apresenta alteração da condução elétrica nervosa por causa da alteração do Ph local e por isso, todos os tecidos (músculos, ligamentos, osso, fáscias, cápsulas, vísceras e vaso) por ela inervados podem apresentar algum tipo de alteração. Como consequência, teremos repercussões diretas e indiretas:
· As diretas estão relacionadas aos tecidos inervados pela raiz em questão, ou seja: músculo (hipertonia local, hipotonia a distância e cordões miálgicos), osso (dor no processo espinhoso e a distância), víscera (disfunções viscerais), pele (dermalgia reflexa), vaso (estases locais);
· As indiretas, relacionam-se com as compensações biomecânicas decorrentes das disfunções metaméricas, por exemplo, uma disfunção de C5, C6 ou C7, pode levar a uma hipotonia do serrátil anterior (repercussão direta), que por sua vez desequilibra a estrutura muscular do ombro podendo levar a uma tendinite do supra espinhoso (repercussão indireta).
O tratamento osteopático, parte basicamente da idéia de descobrir quais são os movimentos restritos e liberá-los. Tendo em vista os principais bloqueios encontrados nestas síndromes.
Portanto, para podermos pautar o tratamento, devemos ter em conta todas as possíveis origens da dor, assim como as características da dor de acordo com cada tecido. Feito isso, as grandes armas do Terapeuta Manual no seu diagnóstico e tratamento são a palpação e os testes de mobilidade.
Descobrir as restrições teciduais, suas direções e parâmetros é o que nos possibilita saber qual técnica usar e de que forma. Seguindo estes preceitos básicos, torna-se muito mais rápido e eficaz o tratamento da cervicobraquialgia com osteopatia.
Felizmente nem sempre a neuralgia cervicobraquial está associada a um comprometimento discal ou a uma patologia, pelo contrário está mais comumente associada a uma disfunção somática.
As cervicobraquialgias estão comumente associadas a cinco fatores:
Radiculalgias (compressão da raiz nervosa com consequente irradiação às estruturas inervadas por aquela raiz nervosa).
Síndrome do desfiladeiro torácico e desfiladeiro inter-escalênico: Compressão de artéria, veia e nervos que passam entre a primeira costela, clavícula, escaleno e peitoral. Resultando em sintomas na extremidade superior do tipo formigamento.
Temos também as neuropatias por compressões periféricas. Exemplo: Síndrome do túnel do carpo que pode provocar irradiação no sentido tanto da cervical quanto do punho por conta do trajeto do nervo mediano que sai da cervical e vai até o polegar, indicador , dedo médio e metade do dedo anular.
Dores Referidas, que podem ocorrer por distúrbios viscerais. Isso ocorre porque estas vísceras são inervadas pelo nervo vago(X par craniano) sendo assim, algumas vísceras podem produzir dores nessa região:
- Pulmão (dor em escalenos),
- Fígado(dor em MSD) ,
- Baço (dor em MSE),
- Estômago (dor na região dos
trapézios),
- Diafragma (ombros).
Distúrbios estruturais e posturais que podem provocar uma sobrecarga na região cervicobraquial.
Cailliet, Rene – Dor Mecanismos de tratamento – Ed. Artmed,2000.
Grieve, Gregory – Manipulação Vertebral – Ed. Panamericana Gross
Fetto e Rosen – Exame Musculoesquelético.- Ed. Artmed,2000.
Ricard, François – Tratado de Osteopatia. Ed. Robe
Sallé, Jean Luc – La Neuralgia Cervicobraquial. – Revista Científica de Terapia Manual y Osteopatia n° 2 da Escola de Osteopatia de Madri, 1999.
Fonte: Dr. Rogério Queiroz